terça-feira, 19 de agosto de 2008

Beira do Rancho

Tenho razões para acreditar que Taubaté abrigou um celeiro de compositores e intérpretes de música sertaneja de raiz, somente comparável ao que aconteceu na capital paulista, sem guardar as devidas proporções. Isto aconteceu graças à intervenção de duas rádios taubateanas: a Cacique e a Difusora.

A primeira porque proporcionou aos cantadores da terra de Lobato um lugar ao sol, dando-lhes horário especialmente destinado a este fim, através do programa Vozes do Sertão, criado e apresentado por Benedicto Oliveira Meirelles, em fins do ano de 1950. A segunda porque elevou o status destes cantadores à categoria de artistas da música raiz, incorporando-os ao cast da emissora, pagando-lhes cachês e fazendo-os serem ouvidos nos mais distantes rincões brasileiros, conforme atestam as centenas de correspondências recebidas por eles durante os anos do programa Beira do Rancho, vindas de quase todos os estados da Federação. Portanto, o programa Beira do Rancho, criado por Silva Neto (gerente da emissora) e Alfeu Mantovani (apresentador do programa Sinfonia da Terra), que foi transmitido semanalmente pela Rádio Difusora Taubaté por mais de 30 anos, até hoje é referencial de música de raiz de qualidade produzida nesta cidade.

A Rádio Cacique, através do programa Vozes do Sertão foi a pioneira na implantação de um programa de auditório voltado para o público da música de raiz. Instalada na rua Visconde do Rio Branco, sua platéia comportava perto de 150 cadeiras e a potência da emissora era de 100 watts, o suficiente para angariar para a Cacique muitos pontos na audiência, fazendo com que o Vozes do Sertão – inicialmente transmitido aos sábados a partir das 20h, fosse levado ao ar também aos domingos no mesmo horário.

Foi este programa que permitiu o surgimento dos futuros compositores e intérpretes que escreveriam seus nomes na história da música taubateana, como Zé Cocão, Tapajó, Zé do Cais, João Catossi, Sabará, Tião da Mata, Zé do Campo, dentre outros.

Fotos:
Acima, a esquerda: Silva Neto, gerente da Rádio Difusora Taubaté por mais de 40 anos. Foto de Horton Cunha. Abaixo, Alfeu Mantovani, radialista e intérprete de música raiz. Foto do acervo de Paulinho Mantovani.

4 comentários:

Unknown disse...

adorei e comento q meu avo era um dos violeiros que tocava em "Beira do Rancho", ele era o Nilson da dupla Nilson e Néio!

Unknown disse...

Tive o privilégio de viver juntamente com meu pai o final desta época em nossa cidade, Taubaté. Pra mim e creio que pra muitos ele deixou saudade. Saudade de meu pai Tapajó.

Unknown disse...

Tive o privilégio de viver juntamente com meu pai o final desta época em nossa cidade, Taubaté. Pra mim e creio que pra muitos ele deixou saudade. Saudade de meu pai Tapajó.

Unknown disse...

Tive o privilégio de viver juntamente com meu pai o final desta época em nossa cidade, Taubaté. Pra mim e creio que pra muitos ele deixou saudade. Saudade de meu pai Tapajó.