
A rua, que já foi tema de várias teses, reportagens, documentários, filmes de ficção e até canção de Renato Teixeira, mantém a aura, mas perdeu a essência. Com isto, penso que a rua Imaculada já não comporta um evento como esse e que a festa só não consegue ser maior porque ainda está na rua Imaculada. Paradoxal? Penso que não.
A época de toda aquela pureza das manifestações que nós hoje, pessoas eruditas e sensíveis à causa popular classificamos como folclore, já passou, assim como já passaram muitas das pessoas mais representativas da rua Imaculada. O que existe hoje é um segmento da tradição, nos moldes do que acontece com a herança deixada por Mestre Vitalino em Caruaru PE, onde seus discípulos fazem exatamente como ele fazia, mas sem o peso do nome do mestre.
Então, uma festa desse porte é realizada para quê? Na minha opinião, simplesmente para dizer que Taubaté tem uma festa do folclore, mais nada.
Para mim, esta festa deveria estar acontecendo num centro de convenções. E Taubaté possui dois parques apropriados para isso: o Parque do Itaim e o Parque Ecológico Monteiro Lobato. Um local assim abrigaria stands suficientes para comportar representantes de todo o Vale do Paraíba com seus artesanatos e comidas típicas ao invés das quase folclóricas barracas de pão com lingüiça e coca-cola. Resumindo: seria uma festa do folclore para turista ver, para atrair visitantes de outros municípios e quiçá de outros Estados. Serviria para mostrar como cuidamos e respeitamos nossas tradições folclóricas e mostraria como evoluímos no resgate, preservação e propagação destas tradições. Não seria uma festa para quem não se dá ao luxo de procurar saber como e porque chegamos a 48 edições de uma mesma festa.
Digo isso porque estive na festa e me coloquei no lugar de um morador da rua Imaculada que precisa entrar ou sair com seu carro; pensei no idoso que gosta de dormir cedo ou na criança que não vai conseguir dormir enquanto não terminar a festa; também pensei naquele palco enorme atravessado na rua durante uma semana obrigando a qualquer um desviar seu caminho. Isto sem falar na quantidade de bêbados que transitam para lá e para cá, urinando na rua, xingando palavrões e jogando lixo por todos os lados.


Não se trata de uma crítica negativa, pelo contrário. Faço votos para que em 2009, a comissão organizadora realize uma grande festa como trampolim para 2010 quando esperamos uma comemoração à altura de uma tradição que há 50 anos representa uma tradição maior: o folclore taubateano.
Mais uma vez tivemos a presença da primeira-dama do folclore nacional, Inezita Barroso, cantando grandes sucessos acompanhada de um coro de vozes enorme. Publico duas fotos de minha autoria para este blog. A primeira quando a primeira-dama, no final do espetáculo, agradece ao público. A segunda, para provar que o nepotismo existe e continuar forte como nunca, publico a grande artista abraçada com meu filho Helvecinho, claro, que deu a ela uma moedinha de presente.
2 comentários:
Meu caro Helvécio... grande pensador da cultura popular Valeparaibana... falar o que de seu texto? Eu, ser mediano que sou, fico por aqui tentando apreender ao máximo todo ensinamento, encanto e profundidade intrínseco em suas palavras. Salve, Demiurgo! Grande abraço.
Obrigado mais uma vez, cumpadi. São suas palavras e gostaria de ser um milésimo do que você pensa que sou.
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